Muita gente acredita que a velha mídia está ultrapassada. Que já não tem mais força, que perdeu a influência para as redes sociais e os influenciadores. Mas um episódio recente me provou exatamente o contrário.
Bastou uma reportagem do programa Fantástico, da Rede Globo, sobre as bonecas bebê reborn, para que o assunto viralizasse em todo o país.
Não importa se você assistiu
O mais curioso é que muitas pessoas sequer viram a reportagem original. Mas, mesmo assim, comentaram, julgaram, criaram conteúdo, memes, polêmicas e tendências sobre o tema.
O assunto explodiu nos stories, nos podcasts, nos TikToks, nos tweets e nos grupos de WhatsApp.
Isso só mostra uma coisa: a Rede Globo ainda tem poder de pautar o que o país inteiro vai falar.
O ciclo de influência da velha mídia
O mecanismo é simples e assustador:
- A mídia tradicional lança a semente (reportagem, documentário, entrevista).
- Os influenciadores se encarregam de espalhar, comentar, reagir.
- O público, por sua vez, replica e viraliza, achando que está sendo espontâneo.
Seja para elogiar ou criticar, o resultado é o mesmo: atenção massiva e gratuita para aquele tema.
E quem ganha com isso? Quem está por trás da pauta. No caso das bonecas, os fabricantes vão lucrar alto com o crescimento do interesse.
O controle sutil
Esse episódio mostra que o controle da narrativa ainda está nas mãos de poucos. Mesmo que você ache que está livre, comentando com opinião própria, foi conduzido a pensar sobre aquele tema.
A reportagem foi apenas a fagulha. O resto foi feito por nós mesmos. Por isso, a influência da mídia é assustadora: ela não precisa que você concorde, só que você fale sobre o assunto.
A velha mídia pode ter perdido audiência, mas não perdeu o poder de fazer uma nação inteira comentar a mesma coisa ao mesmo tempo.
Isso é um alerta. Se uma simples pauta sobre bonecas teve esse alcance, imagine o que acontece quando os temas são mais graves, como vacinas, economia, política ou guerra.